Com trabalho sólido no futebol de várzea mauaense, Reigram busca terceiro título em três anos

Por Portal Opinião Pública 14/08/2025 - 10:37 hs
Foto: Divulgação
Com trabalho sólido no futebol de várzea mauaense, Reigram busca terceiro título em três anos
Reigram se estabeleceu como uma das forças emergentes do futebol de várzea em Mauá

Equipe da Vila Assis enfrenta o Aeroporto, do Jardim Zaíra, na final da 1ª Divisão da Liga Mauaense e garantiu acesso à Divisão Especial em 2026 

Dois meses após completar 44 anos de sua fundação, o Reigram F. C., tradicional equipe de várzea sediada na Vila Assis Brasil, vive um momento único em sua história. No último domingo (10), a “Laranja Mecânica” bateu o time do Jardim Oratório nos pênaltis e garantiu vaga na grande final da 1ª Divisão da LMF (Liga Mauaense de Futebol) diante do Aeroporto, time sediado no Jardim Zaíra, no dia 24 de agosto, no campo sintético do Jardim Itapeva. Um marco para a agremiação, que assegurou o acesso a Divisão Especial de 2026 - competição a qual disputará pela primeira vez - e que busca conquistar seu terceiro título consecutivo em três anos nos torneios da liga.

A ascensão do Reigram no futebol de várzea mauaense é tida como meteórica. Nos últimos três anos, o clube escalou as divisões da LMF sendo campeão da 3ª e da 2ª divisão nos últimos dois anos e chegando à decisão da 1ª divisão em 2025 apoiado, segundo o atual vice-presidente do clube, Alan da Silva Rodrigues, em um trabalho que vem se solidificando ao longo dos anos.

Fundada em 14 de junho de 1981 pelo pai de Alan, Jurandir Rodrigues, e pelos seus tios, a equipe era, inicialmente, uma forma de a família e a comunidade da Vila Assis manter uma ligação com o esporte. A principal inspiração do time veio da seleção da Holanda de 1974, que revolucionou o futebol com um estilo altamente ofensivo na Copa do Mundo daquele ano, conhecido como “futebol total”, e que o Reigram mantém em seu DNA. A princípio, o time começou como uma reunião de amigos, passando a se dedicar às disputas municipais no fim dos anos 1990, conquistando três títulos da 3ª Divisão até 2012, quando o clube diminuiu suas atividades.

O retorno só aconteceu em 2019 e, de acordo com Alan, com uma nova mentalidade para encarar o esporte. “Vimos que o futebol de várzea mudou como um todo. Antigamente, a várzea era mais uma paixão local, do bairro e hoje podemos dizer que a várzea é algo semiamador”, explicou.

O vice-presidente do time pontuou que um dos pontos cruciais para o Reigram se estabelecer como uma das forças emergentes do futebol de várzea em Mauá foi o início da pandemia, que mostrou a dura realidade enfrentada por muitos jogadores. De acordo com ele, membros da diretoria e apoiadores do clube passaram a ajudar muitos atletas a ingressarem no mercado de trabalho, dando-lhes estabilidade financeira para que eles tivessem menos preocupações e também conseguissem conciliar a vida profissional com o esporte.

“Acho que a pandemia foi um divisor de águas para isso. Muitos jogadores que viviam da várzea, ficaram sem viver, porque tudo parou e muitos jogadores precisaram ingressar no mercado de trabalho e vimos nisso uma grande oportunidade. De 2020 para cá, o Reigram, através de sua diretoria, começou a encaminhar muitos desses atletas para o mercado de trabalho. Então, o atleta que era apenas jogador de futebol, hoje tem uma profissão e isso faz muita diferença”, destacou Alan, acrescentando que graças a esse trabalho, o clube conseguiu manter no elenco cerca de 80% dos jogadores campeões nos anos anteriores.

O fato de o futebol de várzea passar a ganhar cada vez mais notoriedade e organização em Mauá e no país, também influenciou o Reigram F. C. a adotar novas medidas. Com a consolidação do trabalho e com o auxílio de seus apoiadores, o time tem sido capaz de fazer investimentos em infraestrutura e pessoal. E a expectativa para 2026, com a disputa da Divisão Especial, é aprofundar essa atuação de forma mais social, aproximando o clube da comunidade, com escolinhas para crianças para não apenas formar jogadores, mas valorizar a formação de cidadãos.

Alan destacou ainda a trajetória invicta do Reigram até a final, somando quatro vitórias na fase de grupos, diante de Cerqueira Leite (2x1), Juá (5x0), Cruz de Malta (3x1) e Colônia (6x1); e triunfos nas oitavas de final, contra o Cerqueira Leite, por 2x0; e nas quartas de final, que valeu o acesso à Divisão Especial, diante do São José, por 3x1; além do empate em 0x0 no tempo normal e vitória nos pênaltis por 6x5, contra o Oratório na semifinal.

Com relação ao futuro, o vice-presidente do clube acredita que a disputa da final será equilibrada devido ao bom nível do adversário e do campeonato da 1ª Divisão. Já sobre 2026, a diretoria iniciou o planejamento com foco na disputa da Divisão Especial. “Uma das certezas é que vamos conseguir manter, mais uma vez, 80% do elenco que é vitorioso e já vem de duas e está às vésperas de uma terceira disputa. São atletas renomados dentro do futebol de várzea, muitos jogam em Santo André, São Bernardo e Diadema e estão optando por permanecer no projeto do Reigram para a Especial. Vai ser difícil e temos plena ciência disso. Mas sabemos que temos totais condições de brigar com as grandes equipes da cidade”.